Nathan Schafer

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Nathan Schafer

Estudante de jornalismo que preenche o orçamento da família com bicos na construção civil. Aprendeu [sic] a desenhar com o avô, Mordechai Schafer, um comerciante judeu. Mordechai é especialista em piadas que ninguém entende, arte praticada pelo neto com afinco.

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Sábado, 4 de fevereiro de 2012

O clitóris na redoma de vidro

*O texto abaixo é um manuscrito encontrado no mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, em Portugal, e foi escrito, provavelmente, entre os séculos XIV e XV.

Era uma vez, num país distante, entre os ducados de Pélvis e Clímax, quando o mundo não era mundo, ou não era chamado mundo, e todo mundo, andava por aí meio imundo, que uma tradição imperava: o homem que possuísse mais clitóris era adorado por seus semelhantes. Segundo fontes bibliográficas confiáveis, como por exemplo, o livro Xô, Xota! Uma análise teórica do comportamento sexual masculino desde os primórdios das eras , do famoso pesquisador empírico na área sexual, Alexandre Frota, a ideologia vigente era a do “Pega, fode, tira a roupa e esculacha, entendeu?”. Funcionava mais ou menos assim; para cada mulher que possuísse, o homem detinha o direito de decepar o clitóris e tomá-lo para si. Era costume andar com redomas de vidro repletas deles.

Tudo corria normalmente, isto é, homens continuavam a deflorar mancebas com o simples intuito de aumentar o peso de suas redomas e o tamanho de seu prestígio. Diversas estratégias eram usadas: flores; sushi; falsa erudição; títulos de nobreza falsificados… Até que surgiu uma mulher diferente. Você se pergunta “Uma mulher de vanguarda, decidida, que não quer mais viver à mercê dos homens?”. Resposta rápida: Não. É muito mais simples. Ela, simplesmente, era lésbica! E como toda mulher, queria provar para os homens que poderia ser tão boa e até melhor no que eles faziam.

Por ser mulher, tinha muito mais tato e educação do que os ogros movidos a testosterona. Consequentemente, ganhava o coração das moçoilas com calma, minando os hormônios, trazendo dúvidas, na indecisão de ser plugue ou tomada. E nessa hora, quando a incerteza tomava conta das pobres donzelas, ela atacava, num golpe único e certeiro. Logo fez fama e começou a superar todos os homens. Não havia mais espaço em sua redoma.

Os homens, então, criaram uma nova tradição. Não iriam mais brincar de colecionar e andar com conquistas penduradas na cintura. Escolheriam o clitóris oficial, pra passar o resto da vida, e ele estaria simbolizado por uma espécie de jóia no dedo anelar da mão esquerda. Ficou instituído também, que o homem andaria de mãos dadas com o clitóris, quer dizer, com a mulher. Para proteger a amada, é claro. Nunca para ostentar!

Atesto que apenas transcrevi o texto do português arcaico para o contemporâneo. Por isso, considero esse relato imparcial e totalmente isento de ideologias, preconceito e tudo aquilo que as mulheres chamam de machismo.

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