A terceira aula do Curso de Roteiro de Humor na Academia Internacional de Cinema do Rio de Janeiro abordou o formato do sitcom, tendo como professores Fernando Aragão e Haroldo Mourão. Tivemos que assistir a episódios de Friends, How I Met Your Mother e Modern Family para análise e debate na aula. Foi divertido relembrar essas séries, dessa vez tentando observar com mais atenção seus estilos de narrativa e construção de cenas.
Eu era um grande fã de Friends quando era mais novo, embora minhas sitcoms favoritas sejam, até hoje, Seinfeld, Married With Children e That 70’s Show. Perdi algumas tardes assistindo reprises na Sony e Warner, na maioria das vezes de episódios que já tinha visto. Se por um lado não foi muito bom para a minha saúde ou habilidades sociais – naquele tempo ser nerd e gostar de séries não estava na moda – ao menos facilitou a minha compreensão de como elas funcionam.
Um episódio de sitcom tem uma estrutura muito bem definida: introdução, complicação, consequência e moral da história. A situação em que estão envolvidos precisa ficar clara no primeiro minuto, se possível até mesmo antes dos créditos de abertura. A partir daí, o padrão é a turminha muito louca cometer uns vacilos e se meter em altas enrascadas para resolver o problema, aprendendo algo com isso. Soa familiar, não é mesmo? Essa é a ideia.
Embora pareça simples, a produção de um bom roteiro de sitcom envolve uma série de fatores que devem ser observados para ser bem sucedido. Os personagens podem ter um arco de temporada, por exemplo, mas nunca devem alterar suas características essenciais. Eles podem passar por experiências transformadoras, mas sempre serão a mesma pessoa do primeiro episódio – pense em Joey Tribbiani, Al Bundy e George Costanza, por exemplo.
Outra coisa legal que o Fernando e o Haroldo falaram foi a subdivisão de tramas em um episódio. Há sempre uma trama principal, que serve de pano de fundo para até três subtramas. Isso é fundamental em séries como How I Met Your Mother, que tem um grande número de personagens principais. Um roteiro bem feito sempre dá um jeito de cruzar todas essas tramas no final, proporcionando grande satisfação em quem está assistindo, pois as confusões são resolvidas.
Aliás, houve um questionamento sobre o que é mais importante no início da construção de uma série, seja ela de comédia ou drama: personagem ou trama. Embora as opiniões sejam as mais diversas possíveis, a ideia de que um personagem rico pode ser um grande gerador de conflitos – cômicos ou não – e, por consequência, de ações para boas tramas, foi a que mais fez sentido para mim. Basta pensar em Don Draper ou Tony Soprano, por exemplo.
O exercício final da aula foi muito legal. Recebemos a descrição de um episódio de A Grande Família, provavelmente a maior sitcom brasileira de todos os tempos, com suas tramas, e precisamos apresentar ideias de como desenvolvê-las, cruzá-las e ainda incluir uma nova trama com dois personagens que haviam ficado de fora. O trabalho em grupo rendeu, mais uma vez, boas ideias e soluções interessantes por parte de todos os grupos.
Depois da aula fiquei pensando sobre sitcoms brasileiras e concluí que assisti apenas Sai de Baixo com regularidade – era ao vivo, cheio de improvisação e os atores saíam do personagem o tempo todo, mas era sitcom. Os professores e colegas elogiaram bastante Entre Tapas e Beijos, além de A Grande Família, séries que não assisti. Com os serviços de streaming, não tem mais desculpa para não recuperar o tempo perdido.
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