Bruno Volpato

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Bruno Volpato

Exímio guitarrista e vocalista, fundou nos anos 60 a banda Captain Dick & His Pubes, na qual experimentou o sucesso, a mescalina e a cozinha vegetariana. Nos anos 70, saiu em carreira solo com o álbum "Shaved", que fracassou, levando-o à depressão e ao suicídio. Reencarnou em 1982 e, para desespero dos biógrafos espíritas, segue uma enfadonha carreira jornalística não-remunerada.

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Segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Curso de Roteiro de Humor na AIC do Rio de Janeiro – Aula 2

Will Ferrell Jeopardy

“Escrevam qualquer coisa e vocês ganharão pontos”

 

Com um pouco de atraso, registro aqui minhas impressões sobre a segunda aula do Curso de Roteiro de Humor na Academia Internacional de Cinema, no Rio de Janeiro, no sábado (24). Os professores foram Ricardo VR e Vinícius Antunes, ambos redatores do Zorra. O programa, aliás, acaba de ser indicado ao Emmy Internacional na categoria Comédia, então deixo aqui meus parabéns a eles e a sugestão para vocês assistirem – tem tudo online.

O tema era “Esquete: a concisão, a precisão e as técnicas para escrever”. Esquete, na definição de VR e Vinícius, é uma cena rápida, de sentido completo, geralmente cômica, que preza pela precisão – na comédia é um tiro certo que produza graça. Esquete é uma palavra do gênero masculino e, de acordo com os professores, quem erra essa concordância costuma sofrer bullying no meio dos redatores e roteiristas. “A menos que seja uma esquete transgênero”, lembrou uma colega.

Logo de cara, eles nos entregaram folhas em branco para que escrevêssemos um esquete em cinco minutos. Após alguns momentos de pânico dos alunos, revelaram que era uma brincadeira, apenas para sentirmos o que eles sentem todo começo de semana quando precisam ter as ideias para o Zorra. De fato, foi um experiência assustadora.

Ao fim da aula, essa ideia de nos fazer ver como é o trabalho deles retornou no exercício prático. Divididos em três grupos, tivemos que criar um set up de esquete. Em seguida, os set ups foram repassados a outro grupo, para que criássemos punch lines. VR e Vinícius contaram que às vezes é assim, que o roteirista tem que trabalhar a ideia de outro colega. Mais uma vez, fica claro que a criação de textos de humor é um trabalho idealmente coletivo.

A aula foi muito boa, com apresentação de técnicas e mecânicas para a produção de esquetes. Os professores ressaltaram a importância da observação do cotidiano para aumentar o repertório do roteirista, para que ele possa oferecer humor que tenha identificação junto ao público-alvo. Lembraram que as experiências pessoais podem render humor, desde que tenhamos a noção de que nem todas as nossas referências são universais.

VR e Vinícius propuseram um exercício interessante: passaram três esquetes sobre, em tese, o mesmo assunto, do Porta dos Fundos, do Parafernalha e do Zorra. A ideia era que observássemos as diferentes linguagens, mecânicas e qual era, de fato, o foco da piada em cada casa. Após as colocações dos alunos, eles apontaram as diferenças de caminhos tomados pelos roteiristas tendo como set up em comum um assalto. Eles deram um toque importante: os set ups são infinitos, as punch lines não.

De toda a aula, o que achei mais interessante é o conceito de “E SE?”, que vem a ser a base da surpresa do humor. Podemos partir de uma situação cotidiana e perguntar “e se acontecesse (inserir algo estranho)?” Deu uma certa satisfação porque é mais ou menos isso que fazemos aqui no Laranjas, geralmente com base em alguma notícia do dia. Não sei se somos bem sucedidos em surpreender os raros leitores, mas é o que tentamos sempre.

P.S.: Um aluno do curso, o Daniel do Valle, tem uma websérie no YouTube. Entrem no canal dele para assistir.

Leia mais: Curso de Roteiro de Humor na AIC do Rio de Janeiro – Aula 1

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