Usuário médio tenta operar o parquímetro

Desde os primórdios da função de cuidador de carroças, na Grécia Antiga, o pagamento nunca foi o melhor aspecto da profissão. O prestígio era o mesmo do que ser escravo de um guerreiro espartano, apesar de haver indícios de que o filósofo Narizis de Ceridis (983 – 940 a.C) tenha passado a flanela em vagas no entorno da Acrópole antes de eternizar a técnica que levaria o nome dele e tanto influenciaria o jornalismo centenas de anos depois.

A sociedade evoluiu até chegar na população de beleza reconhecida internacionalmente que hoje habita Florianópolis, sobretudo aquela que estaciona no Centro em dias de caos urbano (entre segunda e sexta-feira). Com um pé no futuro desta evolução, o cuidador de carro ganhou status de monitor e passou a ter um parquímetro para controlar quem para e quem sai das cobiçadas vagas rotativas da Zona Azul.

Depois de dois meses da introdução do equipamento, o impacto causado por esta inovação foi tamanho que colocou a sociedade evoluída de Florianópolis com cara de boba, em rodinhas de cinco, diante dos botões e teclado do parquímetro que cospe bilhetes e valida cartões. E os monitores deixaram, enfim, a condição de servidão para orientar a humanidade no curso do amanhã irreversível.

Como o salário continua uma bosta, o profissional Carlaile Silva, 18 anos, responsável pela máquina da Rua Anita Garibaldi, resolveu aproveitar a ignorância dos condutores para lançar o primeiro workshop “Tem Dois Botões Confirma, Mas Tem que Saber Qual Apertar – Um Estudo de Caso Sobre Como A Sociedade de Florianópolis entende o Parquímetro e Os Próximos Desafios”. A capacitação será no próximo sábado, dia 31 de maio, no Centro Sul. A entrada é R$ 1,00, mas a Prefeitura pretende licitar o evento e subir o preço em 100 %, limitando o tempo em uma hora.