A ignorância e o desconhecimento do próximo geram o preconceito. Nesta semana, o Brasil ficou chocado com a atitude de alguns de nossos cidadãos: médicos cubanos que vão sacrificar suas vidas em família, suas carreiras, suas conquistas, para trabalharem nos piores rincões do interior do país foram recebidos com vaias por seus colegas brasileiros; uma jornalista até então irrelevante publicou um texto nas redes sociais afirmando que as médicas cubanas recém-chegadas têm cara de empregadas domésticas, revelando um preconceito extremo contra uma profissão valorizada.
Cumprindo sua função social de fazer a diferença na vida das pessoas, o LARANJAS, em um esforço de reportagem inédito no Brasil, construiu o perfil humano de alguns desses bravos médicos cubanos. Porque é preciso conhecer para entender. Os dados foram coletados a partir de seus perfis no Facebook.
Especialidade: ortopedia
Local de trabalho: Mato Grosso do Norte
Promete levar a alegria de viver característica do povo cubano para o Brasil. Filho bastardo de Ernest Hemingway, teve uma infância humilde, trabalhou em moenda de cana, numa destilaria de rum, numa fábrica de charutos e na banda Buena Vista Social Club. Paralelamente, estudou medicina. Ao completar 30 anos, foi expulso de casa pelos pais, e para se sustentar conseguiu um bico de médico em outro país.
Juanita Candeia
Especialidade: pediatria
Local de trabalho: Maranhão
Privilegiada pelas benesses do governo revolucionário, nasceu com sérias disfunções respiratórias, mas foi muito bem tratada pelo sistema de saúde cubano. Cresceu prometendo retribuir a chance de viver que lhe foi dada. Foi primeira da turma desde o colegial até a pós-graduação. É considerada a melhor médica de Cuba, sendo fluente em cinco idiomas. Vai sair do país pela primeira vez na vida.
Especialidade: cirurgia de guerra
Local de trabalho: Eixo Rio-São Paulo
Desde criança começou a estudar e se fascinar com a história da revolução comandada por Fidel Castro. Na universidade, se destacou como um dos melhores cirurgiões. Em poucos meses de carreira, saiu de seu emprego em uma clínica privada após receber uma proposta irrecusável para trabalhar para o Governo. Aperfeiçoou suas técnicas cirúrgicas em pacientes que por ventura acabavam se machucando acidentalmente durante conversas em que eram descompromissadamente questionados sobre suas opiniões políticas a respeito da Democracia.
Especialidade: pesquisa médica
Local de trabalho: hospital Albert Einstein
Filho de retirantes alemães que fugiram para Cuba e ficaram presos após a revolução, ele aprendeu seu ofício com o pai, reconhecido pesquisador no país natal. Irá atuar principalmente em pesquisa médica, mas também atenderá pacientes. Suas principais habilidades são: transplante de cabeça, implantação de membros sobressalentes e vivissecção humana.
Especialidade: Oncologia
Local de trabalho: Acre
Saiu de Cuba ainda bebê e com a família foi morar nos EUA, em Miami. Lá ele cresceu, se educou e teve a oportunidade de estudar nos mais renomados centros médicos do mundo, assim como poderia ter feito se vivesse en La Isla. É pós-doutor em oncologia pela Universidade de Michigan. Em um congresso no Rio de Janeiro, passou cinco dias cheirando cocaína e se relacionando com prostitutas, o que fez com que tomasse a decisão de vir para o Brasil. Após receber a notícia de que vai trabalhar no Acre, prometeu que não vai tentar fugir. Imagina!