“Estamos muito felizes com o que aconteceu com nossos amigos beagles, porque sabemos que seremos os próximos”. A frase é de Cobaia F14, um rato que mora há três meses no Instituto Royal, em São Roque (SP), mas reflete bem o sentimento de centenas de outros roedores que também estão por lá. Depois da operação de resgate dos cães na última sexta-feira (18), ratos e camundongos usados em experiências de laboratório respiram os ares de esperança de que os ativistas voltarão para buscá-los.
A ação daquela madrugada, que ganhou dezenas de reportagens na mídia nacional e milhares de postagens no Facebook, é relembrada com entusiasmo por F14. “A garra com que eles salvavam os beagles era comovente, mal tinham tempo de olhar para nós, roedores, mas a gente sentia que eles também queriam nos ajudar”, explica. Seu companheiro de cela, Cobaia G37, acredita que os ativistas apenas fingiram não vê-los. “Foi para não dar bandeira que vão voltar pela gente”, argumenta.
A emoção da espera é maior para alguns dos bichinhos. O camundongo Cobaia B77 tem uma dissecação marcada para a noite desta terça-feira (22), que potencialmente irá matá-lo. “A gente sonha, vê esses humanos que amam animais acima de tudo e tem certeza que eles vão vir tirar a gente desse lugar”, emociona-se. B77 entende a relevância dos estudos feitos no Instituto Royal, mas afirma que não aguenta mais ver seus irmãos morrendo e amigos sendo desmembrados.
A reportagem do Laranjas está tentando entrar em contato com a apresentadora Luísa Mell, líder da movimentação que salvou os beagles, para saber quando o grupo pretende voltar para libertar os ratos e camundongos. Algum tempo foi perdido na pesquisa de imagens do Google, mas, assim que obtivermos seu telefone, vamos passar o recado do pobre Cobaia B77. Já a assessoria do Instituto Royal apenas pediu “Não deem ideia, pelo amor de… da ciência”.