O aposentado Denis Pompeu, 56 anos, morreu na manhã desta terça-feira (20) fazendo o que mais gostava: sofreu um infarto fulminante quando comentava uma notícia no portal G1. Suas últimas palavras, escritas sob o pseudônimo de “Indignado Brasileiro” ficaram registradas na caixa de comentários de uma matéria sobre as cirurgias plásticas da vice-miss bumbum Andressa Urach: “Enquanto isso os corruPTos (sic) estão fazendo a festa.” As Organizações Globo emitiram uma nota lamentando o fato, mas afirmaram que “os comentários são de inteira responsabilidade do autor.”
A esposa de Pompeu, Margarete, contou que o marido gastava de 3 a 4 horas por dia navegando em portais de notícia para comentar as matérias: “Era o seu hobby preferido desde que ele largou o emprego de funcionário público na previdência.” Na hora do almoço, ela o chamou à mesa, mas ele não respondeu. “Quando fui ver, ele estava lá, caído no chão, morto”, disse.
De acordo com a Fundação Brasileira de Cardiologia (Fubraca), mortes como a de Denis Pompeu não são tão incomuns assim. Todos os anos no Brasil, cerca de 50 mil pessoas morrem por estresse pós-informativo, que é um transtorno que atinge principalmente adultos da classe média que se informam através de notícias. “Cada notícia lida desconta 11 anos da expectativa de vida de uma pessoa”, afirmou o presidente da entidade, Raul Monteiro.
O problema é tão sério que o Governo Federal trata como uma questão de saúde pública. Um estudo técnico encomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que a publicação de notícias seja regulada pelo governo.