Motoristas paralisaram o trânsito, abdicando do direito de ir e vir em nome do direito de ir e vir

SÃO PAULO – Centenas de motoristas paralisaram a Avenida Paulista na manhã desta quinta-feira (2) em um protesto contra a construção de mais ciclovias pela cidade. Chamada de “carreataço”, a manifestação procurou chamar a atenção para o que os proprietários de veículos automotores chamam de cerceamento ao direito de ir e vir, além dos riscos de dividir as pistas com usuários de bicicleta.

Sob a bandeira “-Ciclo+Vias”, os motoristas e amantes dos motores se concentraram na mais conhecida avenida da cidade e também um dos principais locais onde os cicloativistas reivindicam a instalação de uma ciclovia. “Pagamos cada vez mais IPVA para termos que dividir o pouco espaço com meia dúzia de bikes,” declarou Roberto Eiras, colecionador de carros esportivos.

“O poderoso lobby da indústria ciclística, aliado ao monopólio do transporte coletivo, nos prende em congestionamentos, espremidos entre ciclovias e faixas exclusivas para ônibus”, explicou um dos líderes do movimento, Augusto Boaz. Foi dele a ideia de promover o carreataço, com todos os motoristas dirigindo nus e buzinando pela avenida paulista.

“Sem contar o risco que nós, motoristas, sofremos”, comentou Boaz. “As ciclofaixas são construídas de maneira pouco segura. A qualquer momento podemos atropelar um ciclista, danificar nosso carro e até mesmo nos machucarmos.”

CONFLITO – O momento mais tenso da manifestação foi quando um ciclista, bancário em horário de almoço, tentou furar o bloqueio dos carros para ir até um restaurante na Rua da Consolação. Ele ameaçou jogar sua bike bruscamente contra os manifestantes, que reagiram com vaias e buzinas. “Esta é a opressão que sofremos diariamente por ter que dividir o espaço com uma minoria de privilegiados”, desabafou Celina Olson, autoativista há três anos.