A Fifa anunciou ontem que o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, fará o discurso de abertura da Copa do Mundo 2014, no Itaquerão, antes do confronto entre Brasil e Croácia. Honraria normalmente reservada ao chefe de Estado do país-sede, a tradição deve ser quebrada neste ano devido ao temor de que a presidente Dilma Rousseff seja vaiada, como ocorreu na Copa das Confederações. De acordo com o secretário-geral da Fifa, Jeróme Valcke, Colombo foi escolhido após criteriosa análise técnica.
“Ele é um fofo”, explicou Valcke. O dirigente acredita que, quando surgirem no telão o sorriso carinhoso e os cabelos levemente bagunçados de um guerreiro cansado, qualquer torcedor propenso a hostilizar políticos ficará enternecido e sentirá paz no coração, sentindo um incontrolável desejo de abraçar Colombo. “E o que são aquelas bochechas? Como vocês conseguem falar com o Raimundo e não apertar aquelas bochechas?”, concluiu o secretário-geral, que afirmou ainda que não encontrou o governador pessoalmente. “Infelizmente”, suspirou.
Colombo disse que foi pego de surpresa com o convite, mas que fará o melhor para agradar ao povo brasileiro – como se, com aquele seu jeito cativante, fosse possível acontecer o contrário. Ele afirmou ainda que não teme protestos no estádio. “As pessoas estão em primeiro lugar, as manifestações contra a Copa estão sendo pequenas e rápidas, nada que vá atrapalhar o brilho do evento”, afirmou o governador, cometendo uma leve gafe, facilmente perdoável já que com certeza ele não falaria isso por mal.
O convite reacende a tese de que o PT estará na chapa de Colombo em outubro. “Não tem nada disso, temos uma relação de gratidão com a presidente Dilma, até por isso vou fazer esse discurso para evitar que ela seja vaiada”, disse o governador. Ele também negou que o PMDB tenha exigido indicar ao menos 50% das palavras que serão usadas no discurso. “Eles só pediram para que eu não use as expressões ‘progressista’ e ‘partido’, mesmo separadamente, nem cite a Barraca do Pepê como ponto turístico do Rio de Janeiro”, explicou.