Cheguei em São Paulo no final de agosto para cobrir as eleições e desde o início senti algo muito estranho no ar. Não me entendam mal, a cidade à primeira vista pode causar mal estar, com tantos prédios, concreto, trânsito caótico e poucas áreas verdes. Mas, com o tempo, fui aprendendo o valor da metrópole, seus museus, sua boemia, seu povo hospitaleiro.
O que eu sentia não era nada tão em evidência, algo que pudesse ser visto com os olhos. Com a eleição no último dia 5, no entanto, minhas suspeitas se confirmaram. O paulista não gosta de tomar banho.
E olha que eu digo isso ciente da fama que os franceses têm em relação ao resto do mundo. Nós pelo menos tentamos disfarçar. Somos os criadores das marcas mais famosas de perfumes, e ainda vivemos em um país bem mais frio, não em pleno trópico.
Os paulistas, pelo contrário, parecem não se importar muito. Ás vezes flagrava uma “mina” (como vocês falam) usando um desodorante com cheiro de sabonete ou então um pinguço com um cheiro apavorante de cachaça. Mas, considerando a situação do abastecimento de água no Estado, a conclusão é óbvia.
Apenas uma cidade parece incomodada com a situação e deixou claro no último domingo. O resto parece ávido por um futuro de racionamento, com água na torneira em dias alternados, no máximo. 57% da população, no mínimo.
Por isso, infelizmente tenho de ir embora antes do segundo turno. Algo cheira muito mal até pra mim. Boa sorte.
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