Quarta-feira, 26 de março de 2014

Peça de teatro marca a abertura de evento na UFSC sobre os 50 anos do Golpe Militar

Categorias: Educação

Atores e público acompanham o desenrolar da peça

Um espetáculo teatral a céu aberto na UFSC, na região conhecida como “bosque”, deu início ao mês dedicado aos 50 anos do Golpe Militar na instituição, em Florianópolis. Cerca de 500 pessoas, incluindo figurantes, estão participando da peça, que começou na tarde de terça-feira (26) e segue sem hora para acabar com o ato final, a ocupação da reitoria. “Ficamos satisfeitos com o resultado, apesar de o roteiro ter sido um pouco óbvio para que mais gente pudesse compreender a alegoria”, explicou o diretor Carlos José Telêmaco.

A peça começou com estudantes no campus, atrás do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, dividindo cigarros de maconha. “A ideia era representar essa coisa da esquerda dos anos 60, do uso de drogas e a comunhão das coisas, da busca pela liberdade”, disse Telêmaco. Em seguida, agentes federais em um carro não identificado abordaram e levaram os jovens em um carro não identificado. “Sim, é clichê, mas a alegoria dos desaparecimentos precisava ficar clara”, completou o ator Ernesto Noam, que fez um dos presos.

A ação levou a um levante de alunos e professores. “Queríamos mostrar a resistência da esquerda brasileira no período autoritário, organizada principalmente dentro das universidades públicas”, disse Telêmaco. Em seguida, a peça atingiu seu momento mais tenso, quando, com o uso de efeitos de fumaça e spray, atores representando um pelotão de choque invadiram o local para dispersar o protesto, fazendo mais prisões. “É uma clara referência à repressão fascista”, disse o ator Celso Veslonha, que interpretou um PM.

A sequência foi o ponto alto do espetáculo. “Chegamos a contar com atores mirins, que demostraram verdadeiro horror saindo da creche cenográfica, uma referência ao jovem Brasil sendo exposto às agruras de uma ditadura”, animou-se Telêmaco. A coisa saiu um pouco do controle em seguida, quando foram destruídos dois carros. “Dou liberdade para meus atores improvisarem, foi uma cena linda, mostrando a reação da sociedade brasileira aos militares”, comentou o diretor.

Por fim, estudantes invadiram a reitoria da UFSC, sinalizando a vitória da sociedade civil sobre as instituições de poder. “Hoje temos uma representante de esquerda, mas reitores federais sempre foram pessoas conservadoras”, completou.

Mídia – Os organizadores do evento estão tentando entrar em contato com representantes das televisões e jornais, que não perceberam que se tratava de uma intervenção artística. “Era tanta gente que eu achei que os repórteres também eram meus atores”, justificou o diretor. Para ele, o enredo era tão óbvio que a imprensa ia perceber. “Cara, estudantes de Humanas maconheiros, carros sem identificação, batalhão de choque soltando bombas… Como assim ninguém percebeu a farsa? Como vocês são burros, cara, que loucura!”, encerrou.

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