Após marcar presença em um protesto na quarta-feira (11), o estudante da terceira fase de História na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Ernesto Noam, de 29 anos, comemorou um feito: ele chegou à 40ª manifestação em 2013, um recorde no CFH (Centro de Filosofia e Humanas). De acordo uma nota comemorativa divulgada pela coordenação do curso, o número é superior ao total de aulas frequentadas pelo rapaz durante todo o ano. “Não nos referimos às disciplinas cursadas, mas sim aos comparecimentos em classe do Ernesto”, esclarece a nota.
A marca foi atingida no final da tarde, quando Noam e outros nove alunos do CFH se disfarçaram de mendigos para protestar contra o que consideram ser um movimento fascista, racista, machista e higienista de moradores de Canasvieiras. “Na verdade não estávamos vestidos de mendi…, quer dizer, de pessoas em situação de rua, cara, eram nossas roupas normais”, afirmou Noam, classificando a reportagem do Laranjas como preconceituosa. E também como fascista, racista, machista e higienista.
O estudante aproveitou o momento para relembrar alguns de seus grandes momentos de militância social e agitação política em 2013. Ou tentar relembrar, ao menos. “Cara, minha memória não é muito boa, mas tivemos vitórias significativas, como a tomada das pontes pela juventude esquerdista e a eleição do Elson Pereira como prefeito da cidade”, disse Noam. Alertado que nenhum desses fatos de fato aconteceu, o rapaz disse que a colocação era fascista, racista, machista, higienista e, surpreendentemente, nazista.
Indiferentes às polêmicas, os colegas de Noam no curso de História receberam o recordista com festa. “Isso mostra que nossa classe está mobilizada, cumprindo com o dever do estudante da universidade pública que é ir para as ruas e protestar contra o status quo”, afirmou, aos berros, uma jovem estudante que não quis se identificar. “Não vou dar meu nome para um site fascista, racista, machista e higienista! Ah, e nazista!”, explicou a moça, que até era bem apessoada.
Mesmo com o número baixo de presenças, Noam conseguiu ser aprovado em duas matérias – os professores das duas disciplinas faltaram mais que o estudante, então acharam que seria antipedagógico rodá-lo. Tecnicamente, porém, ele ainda não chegou à quarta fase após sete anos de curso. “Estou tentando mudar isso, cara, semestre que vem vamos às ruas para modificar esse sistema fascista de avaliações dos estudantes com notas e aprovações”, explicou. “Não só fascista, mas também racista e…”, completou, mas a reportagem foi embora antes que terminasse a frase.