Os dirigentes da Conmebol entraram em campo na noite de quinta-feira e desde então estudam uma forma de punir os clubes argentinos Boca Juniors e River Plate pela confusão durante a partida pelas oitavas-de-final da Libertadores da América. No maior clássico do futebol portenho não faltaram elementos imprescindíveis da várzea futebolística sul americana, com o agravante de ser uma etapa eliminatória: festa e fumaça nas arquibancadas, a tradicional catimba em excesso, violência dentro e fora de campo, spray de pimenta em jogadores adversários na saída do vestiário, drone sobrevoando o gramado e árbitros apáticos e de mãos atadas.
Teve quase de tudo. Quase. Por um detalhe que a princípio parece irrelevante, os dirigentes consideram eliminar os dois times da competição. “Faltou lo cachorro. La p*** del perrito!”, exclamou, em bom portunhol, um dos dirigentes da entidade, entre tantos com cara de delegado aposentado – grisalho, terno sem corte e cinzento pelas décadas de tabagismo.
Rapidamente os cartolas dos dois clubes entraram em contato com os presidentes das torcidas organizadas. A justificativa de todos foi que a falta do guaipeca foi ofuscada pelo drone, uma inovação nos estádios. “Este equipamento tecnológico foi o primeiro passo numa tentativa de europeizar o futebol latinoamericano”, afirmou um torcedor brasileiro de 16 anos via Facebook. “Morte ao futebol moderno”, complementou, mesmo sem ter sido questionado.
Apesar da possível punição, a Conmebol percebeu no episódio uma oportunidade de capitalizar mais a Taça Libertadores. “Muitos espectadores ficaram até 1h da madrugada acompanhando os desdobramentos, sem desgrudar da TV”, afirmou outro dirigente, com três botões da camisa aberta e um palito nos dentes. A ideia é fechar uma parceria com as emissoras de TV por assinatura e lançar pacotes pay-per-view apenas com a cobertura das arquibancadas. “No futuro também podemos transmitir os embates na Justiça Desportiva. Afinal, o futebol sulamericano é muito mais do que os 90 minutos dentro de campo”, justificou.
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