A vitória brasileira por 3 a 0 sobre a Alemanha ontem, no Mineirão, surpreendeu pela elasticidade do placar, mas não assustou quem vem acompanhando o trabalho de mais de 10 anos desenvolvido pelos dirigentes brasileiros. Os autores dos gols – Neymar, Arthur e Eduardo – são crias de um projeto sério de desenvolvimento do futebol no país, que começou após outra vitória contra os alemães, na final da Copa de 2002, no Japão.
Desgastado por denúncias, o presidente da CBF à época, Ricardo Teixeira, deixou o cargo. Sua saída abriu caminho para dirigentes mais jovens, que tiveram uma ideia simples: as verbas milionárias dos patrocinadores iriam para investimentos na base, com centros de formação em todo o país. Sete titulares da atual Seleção surgiram assim, entre eles os meias Arthur e Eduardo, responsáveis pelo resgate da figura do ponta-de-lança no futebol brasileiro.
Com as revelações aos borbotões, vindas principalmente do interior, o êxodo de jogadores para os campeonatos estrangeiros foi menos sentido. Os clubes passaram a acompanhar esse novo modelo de gestão, gastando menos com veteranos e técnicos famosos. O ciclo se completava, já que os times tradicionais também puderam investir mais em suas bases, dando origem a novos jogadores, identificados com o Brasil, e gente ligada ao futebol, como treinadores.
Aí surgiu Paulo Silva, que assumiu a Seleção em 2010 e agora leva o time à final. Após insistir com nomes mais experientes nas campanhas razoáveis de 2006 e 2010, a CBF escolheu para a Copa brasileira o jovem técnico que se consagrou pelo estilo ofensivo que implementou em grandes clubes do país. Mesclando jogadores jovens a outros com mais rodagem, ele consolidou o jogo bonito que hoje é a marca do futebol brasileiro.
O projeto, bem pensado, está sendo executado com perfeição até agora. O time chega à final no Maracanã neste domingo apresentando um futebol bonito e competitivo, fruto de um trabalho sério dentro e fora de campo.
Nada é de graça no futebol, seja uma grande vitória ou uma derrota histórica. Nossa Seleção está mostrando isso com perfeição, sem cometer o erro de desperdiçar uma chance rara e especial: ser campeã do mundo em casa.
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