Arte: Mendes/ND
Tinha tudo para ser uma manhã normal de domingo na casa do chileno Valdívia, a poucas horas da apresentação para a Copa do Mundo. Ele acordou cedo, espremeu seis laranjas e colocou duas fatias de pão na torradeira. A manteigueira já estava sobre a mesa, separada pela empregada Soledad, acompanhada da jarra de leite quente. Ao abrir o caderno de esportes do jornal, porém, aquela manhã tornou-se, de fato, uma manhã normal de domingo na casa do chileno Valdívia: o craque sentiu uma lesão muscular na coxa esquerda e está fora do Mundial.
A primeira fisgada veio logo na leitura da manchete: Craque francês Ribéry cortado. Valdívia não deu bola, acreditando que se tratava apenas de um reflexo da noite mal dormida e seguiu a leitura. A cada linha, porém, as pontadas incomodavam o palmeirense. Ao fim do texto, a dor já era constante. “Soledad, procure o telefone do doutor Sanchéz!”, gritou, desconfiado. Sem perceber a real gravidade do momento, ele seguiu para a correlata. Alemão Reus rompe ligamentos e está fora da Copa, dizia o texto. Não foi preciso terminar: o Mago sentiu o adutor da coxa se abrindo e, imediatamente, foi ao chão da cozinha.
O grito de dor acordou a vizinhança e espantou Soledad, que trazia o número de telefone do doutor Sanchéz. Aos prantos, ela mesma ligou e anunciou a lesão. “Doutor, aconteceu de novo!”, disse. Em poucos minutos, o médico chegou e constatou a ruptura total do músculo. “Eu disse para você não se expor a perigos antes da Copa! Por que não me ouviu?”, perguntou, incrédulo. “Estou há quatro anos sem jogar nada pelo Palmeiras, achei que bastasse!”, explicou o Mago, soluçando, ainda no chão da cozinha.
Em coletiva na tarde de domingo, a comissão técnica do Chile confirmou que Valdívia está fora da Copa. “Na verdade não é um corte, porque a gente sabia que ele iria se machucar e nem o havíamos colocado na lista enviada para a Fifa”, explicou o treinador Jorge Sampaoli. “Então, na verdade, não tem ninguém cortado”, completou, antes de informar que o camisa 10 será o atacante Lenny, ex-Figueirense. “Achamos uma aposta mais segura que o Valdívia em termos de lesão”, encerrou.
