SÃO PAULO – Mais um caso de justiça com as próprias mãos dividiu a opinião pública no início da tarde desta terça-feira (26). Um comediante de stand-up foi linchado e amarrado a um poste após contar uma piada para uma platéia de 50 pessoas na Praça da Sé. Ainda com a tranca de bicicleta no pescoço, a vítima afirmou que não entendeu a reação da platéia.
Segundo o comediante, ele apenas contou uma piada inocente: “Sabe aquela do cachorro que foi enviar um telegrama e o atendente disse: ‘Você tem direito a 12 palavras’. Então o cão escreveu ‘Au au au au au au au au au’, e o atendente questionou: ‘Mas você tem direito a mais três palavras.’ ‘Mas isso não faria sentido’, respondeu o cachorro.”
Os responsáveis pela ação não estavam no local quando a polícia chegou. Segundo testemunhas, os agressores teriam se ofendido com o teor da piada. “O pessoal começou a gritar que aquilo era um absurdo, que ele deveria fazer humor contra opressores, e não contra oprimidos”, relatou um popular. “Eu só achei ruim mesmo”.
Procurado pelo LARANJAS para falar sobre os limites do humor, o ator e comediante Fábio Porchat não retornou as ligações.
O pesquisador e chefe do Departamento de Estudos da Violência do Instituto de Obviedades da Universidade de Michigan, dr. Steve Schwarzlone, comentou o episódio: “Em uma democracia, apenas o Estado detém o monopólio da força, portanto fazer justiça com as próprias mãos é ir contra este Estado de Direito.”