Dirceu tem tanta moral no Lulu quanto com o Lula
Depois de uma série de más notícias recebidas nos últimos meses, o ex-ministro José Dirceu pôde finalmente comemorar nesta quarta-feira. Durante a visita da namorada à sua cela no presídio da Papuda, a terceira do dia e vigésima terceira da semana, ele ficou sabendo que sua nota no aplicativo Lulu melhorou. “A Simone mostrou no iPhone dela que a minha cotação agora está em 9,3, provando mais uma vez que o povo brasileiro sabe que sou inocente”, disse o político petista, sempre otimista. A declaração foi dada através de seu assessor de imprensa, que já esteve com ele ao menos 57 vezes nesta semana.
Especialistas consultados pelo Laranjas, no entanto, divergem. “Pode-se notar que a melhora se deve ao emprego conseguido recentemente, depois de muitos anos sem fazer oficialmente nada”, explica a pós-graduanda em Aplicativos Sexistas da Universidade de Michigan, Rosane Pitoronha. José Dirceu foi contratado como gerente de um hotel em Brasília, com salário de R$ 20 mil. Para Rosane, “a mulherada ouviu falar dos rendimentos dele e a cotação no Lulu, naturalmente, disparou”.
Para a professora de Redes Sociais Esquecidas em um Mês da Universidade Federal de Cruzeiro do Oeste, Solange Tarronuda, o passado de Dirceu era um complicador. “Ele era visto como alguém com múltiplas identidades, mas agora com emprego e residência fixas, sem poder fugir clandestinamente, ele virou um partidão”, afirma. O único que não concorda é o sociólogo e assessor parlamentar Ernesto Noam, para quem “esse Lulu é só mais uma forma do Obama nos espionar”.
As hashtags no perfil de José Dirceu, porém, dão uma pista. As positivas #NãoVaiFugir, #20milPorMês e #AmigosQueAgregamAoCamarote batem com as opiniões das especialistas. As negativas são particularmente crueis: #NuncaSaiDeCasaDeNoite e#CasaSempreCheia dão a entender que as mulheres têm dificuldades para se relacionar com o presidiário. “Nada que R$ 20 mil na conta todo mês na conta não resolva” diz Noam, que, como é de esquerda, está liberado para fazer piadas machistas.
