FLORIANÓPOLIS – Milhares de jornalistas europeus estão preocupados. Além das ameaças de demissões em massa que também ocorrem pelas redações de lá (chamadas de “cockbirds”), a notícia de que faria frio no verão da Europa está causando uma crise de pautas sem precedentes. “Todas as nossas editorias estavam prontas para a enxurrada de matérias, que vão desde a venda de condicionadores de ar até os cuidados para prevenir as doenças de verão”, explicou o editor-chefe do Diário Cracoviense, Andrzej Petroski.
Na última semana, meteorologistas anunciaram que talvez este seja o verão mais frio nos últimos 200 anos da Europa – ou seja, na prática será um inverno mais ameno. O historiador de jornalismo da Universidade de Ibiza, na Espanha, Alfonso Cuarón, conta que na época muitos jornais entraram em falência. “Não havia notícias leves para contrapor à cobertura das Guerras Napoleônicas. Daí os leitores cansaram de tanta violência no noticiário e deixaram de consumí-lo”, disse.
Quem também sofre com a falta de verão são as assessorias de imprensa. De Helsinque, capital da Finlândia, Heikki Maddsen comanda um dos maiores escritórios de relações públicas do Velho Mundo. Com uma carteira variada de clientes, ele está preocupado com a baixa taxa de emplacamento de pautas. “Da mesma forma que o inverno no hemisfério sul, o verão para nós é o período mais fértil de emplacar pautas fáceis.”
A reportagem do LARANJAS foi às ruas perguntar para os leitores de jornais o que eles acham disso. O aposentado alemão Werner von Liechenstein, 95 anos, considerou esta uma notícia ruim. “Sempre faço um bolão com meus amigos sobre qual vai ser a primeira cidade europeia a registrar mais de 20ºC. E, claro, nunca deixo de conferir as melhores receitas da estação, que são as mesmas todos os anos mas eu esqueço.”