O Grupo Estado anunciou nesta terça-feira (9), em comunicado por telefone a um cliente que ligou perguntando sobre a assinatura, que irá diminuir em mais 14 páginas o jornal O Estado de São Paulo, extinguindo-o por consequência. No lugar da tradicional publicação diária impressa em papel, o grupo vai lançar um exclusivo serviço de notícias via telégrafo. “Fizemos uma sondagem e descobrimos que tem mais a ver com nosso público consumidor”, afirmou o diretor de ideias esdrúxulas, Álvaro Colhões.
A empresa divulgou o resultado da pesquisa que mapeou o público-alvo do jornal: ele é composto majoritariamente por homens, acima de 70 anos, abolicionistas e republicanos. “Com artrite fica difícil virar as páginas daquele tamanhão, e as letras são pequenas demais”, explicou Colhões. “E também ninguém liga pra essa baboseira de novas tecnologias, tablet, Facebook e o caralho a quatro”, exaltou-se.
A notícia pegou todo mundo de surpresa, pois surgiu poucos dias depois de outro anúncio de reestruturação. Ela também havia sido justificada por uma pesquisa que mostrou que “os leitores em geral querem mais conveniência e eficiência no consumo da informação, sem abrir mão do aprofundamento e da análise” – e foi acompanhada por mais uma demissão em massa da redação, que agora possui apenas cinco jornalistas diplomados em regime de PJ.
Para comprovar a validade deste argumento, o LARANJAS foi às ruas perguntar para o povo o que ele gostaria de ver num jornal. Confira as respostas:
“Jornal? Olha só, moço, não tenho tempo pra isso não, preciso pegar duas conduções, vou chegar em casa às 21h e ainda tenho que fazer a comida do marido.” – Rejane Silva, 32 anos, auxiliar de serviços gerais.
“Não me vem com essa história de aprofundamento pra cima de mim que eu sou espada!” – Humberto Couto, 25 anos, instrutor de academia.
“Nunca abro mão da análise. A cada 15 dias faço uma consulta, coloco todos meus problemas pra fora e saio de lá aliviado. Recomendo para todo mundo.” – Fernando Pasqualini, 40 anos, empresário.