O secretário-geral da revista Caros Amigos, Ernesto Noam, fez um pronunciamento de cinco horas na TV oficial da redação na manhã desta terça-feira. Depois de 4 horas e 58 minutos de louvação ao estupendo crescimento de vendas da publicação mensal e de considerações elogiosas a respeito do corte de impostos federais na cesta básica, Noam usou os dois minutos finais para anunciar o fuzilamento de 11 jornalistas da redação que entraram em greve. “Traidores!”, bradou.
A decisão foi referendada pelo Conselho Superior, composto por 73 pessoas cujos nomes e qualificações não precisam ser conhecidos pela redação – além de Emir Sader, que tuitou recentemente que fazia parte do “Concelhão” (sic). De acordo com Noam, os jornalistas quebraram a confiança dos líderes da Caros Amigos e, portanto, precisam ser punidos. “Eles poderiam ter escolhido dez anos de trabalhos forçados em blogs progressistas, mas preferiram o paredón”, explicou.
O fuzilamento não deve prejudicar o fechamento da edição de março, já que, antes de entrar em greve, a redação já tinha produzido um obituário de 48 páginas do presidente venezuelano Hugo Chávez. “Fomos pegos de surpresa pela morte do comandante Chávez, ninguém aqui na Caros Amigos estava esperando uma notícia tão ruim”, explica Noam. O secretário-geral contou que, com duas jornadas diárias de 18 horas seguidas, os jornalistas terminaram o texto.
Repercussão – As opiniões sobre o fuzilamento dos grevistas estão divididas. Os leitores da Caros Amigos não sabem bem como reagir, então condenam, por enquanto, a precarização das condições de trabalho na Folha, no Estadão e na Editora Abril. Entidades de classe soltaram notas de repúdio condenando a ação e, em seguida, voltaram a organizar o 85º seminário sobre o futuro do jornalismo.
Já o público em geral, assim como em todas as outras situações que envolvem o trabalho de jornalistas no Brasil, cagou.