César Soto

Equipe Laranja

César Soto

Enquanto assistia Whale Wars num desses canais de bichos ou História ou coisa que o valha, César Soto decidiu que era hora de levantar as mangas e tomar parte no conflito entre ambientalistas e baleeiros. Assim, arrumou as malas, juntou suas escassas economias e passou a integrar a tripulação da pequena embarcação Sea Shepherd. Em duas semanas, honrou suas raízes e sabotou o motor do barco e envenenou a comida, se juntando assim aos japoneses. Malditos homens brancos e suas interferências em tradições milenares

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Domingo, 11 de novembro de 2012

Minha vida sem Sarah

Meu primeiro dia sem Sarah começou como qualquer outro, comigo acordando em minha cama e, ainda um pouco ensonado, tomando banho e decidindo o que vestir. – Isso deixa claro, portanto, que tal dia não teve início como se diz por aí, que eu teria despertado em um bar qualquer, cheirando a whisky barato, vodka e cocaína.

Fui à casa de minha mãe, buscar algumas roupas lavadas para trabalhar, já que não tinha mais camisas limpas que atendessem as exigências da empresa. A máquina, fiquei sabendo ao chegar, quebrara logo pela manhã, frustrando assim minhas expectativas. – Único motivo pelo qual fui obrigado a continuar com o mesmo traje do dia anterior, mesmo que meio sujo e amarrotado.

Em seguida, peguei o ônibus, que estava semi-lotado, com os idiotas habituais todos acumulados logo após a catraca, atravancando a passagem, e o fundo do veículo tão vazio que até lugar para sentar havia. – E não voltei a pé para casa descalço, por ter perdido carteira e sapatos durante a noite, como juram alguns dos moradores da minha rua.

Apesar do sol que brilhava quando saíra de casa, como é de praxe nessa cidade, uma forte chuva começou a cair do nada. Assim, não carregava comigo meu bom e velho guarda-chuvas e não tive outra escolha a não ser caminhar desprotegido pelos cinco quarteirões que separavam meu trabalho do ponto de ônibus. – A praça nem ficava no caminho entre o bar e minha casa. Como poderia ter caído em sua fonte se nem passei por ela?

Quando saía para o almoço, a chuva já se transformara em tempestade, causando um breve apagão no quarteirão do escritório. Fui libertado pelo zelador após 37 minutos no elevador parado, quando finalmente perceberam que havia alguém preso. – São poucas, portanto, as chances de estar no banheiro vomitando ao pé da privada.

Meu chefe, com pena da minha situação deplorável, liberou-me para voltar para casa. Lá chegando, apeteceu-me a ideia de um bom bife acebolado. Foi quando o Marcão tocou a campanhia, insistindo que eu devia sair um pouco. – Os olhos vermelhos e chorosos podem ser explicados pela cebola, e a coriza deve-se unicamente ao provável começo de resfriado adquirido sob a chuva durante a tarde.

A balada estava lotada dos mais diversos tipos, e a música era inconstante e estridente. Marcão sumiu logo nos primeiros dez minutos, distraído por um atrevido par de seios louros contidos por um espartilho escarlate. Passei o resto da noite numa tentativa frustrada de conseguir sair do zero a zero, gritando por entre os sucessos insuportáveis do DJ. – Não estou rouco, então, por ter berrado pela madrugada adentro por Sarah, na rua em frente ao seu apartamento.

Acabei a noite na cama, levemente embriagado, adormecendo rapidamente após uma breve punheta a meio mastro e sem compromisso, um pouco preocupado com a hora, pois era meio de semana e eu teria que acordar cedo na manhã seguinte. – De forma alguma os boatos têm fundamento, de que teria me enfiado naquele inferninho pulguento no final da rua, o Império Oriental, sendo expulso após tentar transar com a perna de duas profissionais presentes. Não. Definitivamente não fiz isso. Não é meu estilo.

Foda-se Sarah. Quer saber quais rumores são verdadeiros? Aqueles que dizem que a Bruna, suposta melhor amiga dela, dava em cima de mim. Todo mundo já viu. Porra, foda-se você também, aí me julgando. Me devolve a cocaína. Aliás, quer saber mais ainda? Comi ela. Comi ela gostoso. No carnaval de 2007, naquele casarão em Jaguariúna, enquanto a idiota dormia caída de bêbada, sem desconfiar de nada. A Sarah, não a Bruna, porra. Ô, grande! Desce mais uma dose nessa merda, que a porra do meu copo secou faz meia hora! E cadê minha carteira, hein, caralho? É, vai tomá no cu você também, viado! Devolve meu sapato! E diz pro China que hoje eu volto lá e quero ver aquele bostinha ter a cara de me botar pra fora de novo!

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