A dona-de-casa Alice Meira Rubião encontrou um cenário de terror na cozinha na manhã desta segunda-feira: a pia estava cheia de louça suja, as chuteiras das crianças estavam cobertas de lama e o bolo de carne do almoço ainda não estava no forno. Dessa forma, com a ausência de sua empregada Berenice, dona Alice descobria a existência do transporte público em Florianópolis.
“A gente vê alguns ônibus na rua, mas são tão poucos que eu achei que Transol fosse alguma empreiteira”, afirmou a dona-de-casa. “Além disso, eu nunca vi o prefeito falar de transporte público, então achei que nem tinha”, completou. Benevolente, dona Alice disse que não vai descontar o dia de trabalhado de Berenice, mesmo achando que dava para ela ter vindo de Governador Celso Ramos.
O marido de dona Alice, Silvano Rubião, também foi pego de surpresa. Quando cumpriu os dois quilômetros que separam o trabalho de sua casa de carro para almoçar, ele achou o trânsito bem mais tranquilo. “Notei que as ruas estavam menos barulhentas e mais espaçosas, mas só entendi quando a mãe falou dessa greve”, explicou, comentando que levou os mesmos 25 minutos como em outros dias. “Normalíssimo”, completou.
Por outro lado, os filhos do casal, Pietra e Silvano Júnior, estão mais antenados: temendo o cancelamento das aulas por causa da greve, nem foram à faculdade. “Eu e toda a minha turma de Direito vamos de carro, mas hoje tinha aula com um professor da Sociologia, que obviamente não tem carro”, justificou o primogênito. Já Pietra aproveitou para ficar dormindo e pediu para o namorado levar seu Ford Fiesta para lavar.
A família vai se reunir hoje na hora do jantar, para decidir a compra de mais um carro para evitar eventuais problemas em futuras greves.