As primeiras horas do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), no Complexo Penitenciário de Bangu não estão sendo fáceis. Preso nesta quinta-feira (17) em uma nova fase da Operação Lava Jato, o político está tendo que aturar uma série de piadinhas dos outros detentos. “Aí, seu Cabral, trouxe o anel do Cavendish também ou só o teu?”, gritou um dos novos colegas de cela, assim que ele entrou no recinto.
Os chistes fazem referência ao anel comprado pelo empreiteiro Fernando Cavendish para a esposa de Sérgio Cabral, ao valor de R$ 800 mil. Cavendish era dono da Delta, empresa responsável por dezenas de obras no Rio de Janeiro na gestão do peemedebista, de quem era muito amigo. “Deixa eu te jogar na grade e te chamar de Tiffany, governador!”, disse outro detento, mostrando-se familiarizado com joalherias.
Cabral é acusado pelo Ministério Público Federal de ser o comandante de uma quadrilha que desviava recursos dos cofres do Rio de Janeiro. Além do ex-governador, outros 10 mandados de prisão foram cumpridos pela Polícia Federal. “Ô Cabralzinho, eu fiz uma avaliação independente do anel do Cavendish, e me parece que a sua senhora foi enganada! Ele valia no máximo uns 500 paus! Esse teu anel foi furado, hein?”, zoou outro preso.
O estado do Rio de Janeiro passa por uma crise financeira sem precedentes, gerada nos oito anos em que Sérgio Cabral foi o governador. Figura anteriormente popular, o peemedebista mergulhou no ostracismo e vivia recluso em seu apartamento no bairro do Leblon. “Cabral, seja bem vindo a Bangu! Aproveita e vai tomar no seu anel!”, gritou um espirituoso companheiro de pavilhão, ecoando a população fluminense.