No segundo dia de paralisações do transporte coletivo na Grande Florianópolis, um racha começa a se formar no movimento grevista. Os motoristas estariam descontentes com a desmobilização dos cobradores em piquetes e assembleias. “Eles não estão engajados, só fica sentados num canto olhando para seus celulares e ouvindo música”, afirmou o motorista Ernesto Noam, ex-jornalista que trocou de profissão para ganhar mais. “E o pior é que agora tocam o som sem fone de ouvido, como aquela escumalha que usa nossos ônibus!”, completou o ex-editor-chefe de um grande jornal.
Os ânimos ficam particularmente acirrados nos momentos de votação. Enquanto os motoristas comparecem em peso às assembleias que definem os rumos da greve, os cobradores precisam ser constantemente lembrados. “Alguns diziam que a maquininha que lê os cartões também poderia substitui-los na hora de votar, sob clara influência da imprensa monopolista e contrária aos interesses dos trabalhadores”, disse Noam. O sindicato, porém, vai instalar catracas nos locais das assembleias para que os cobradores compareçam.
Para o diretor do sindicato dos trabalhadores, Vladimir Friederich, os cobradores cumprem um papel fundamental no transporte coletivo. “Mas não vou te dizer qual é esse papel, porque você é da mídia parcial e favorável ao capital e vai distorcer minhas palavras”, exclamou, mais ou menos isso, o sindicalista profissional.
A reportagem do LARANJAS procurou os cobradores para saber o que tinham a dizer sobre o caso, mas todos estavam em um loja de som automotivo do Centro.
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